Toyota iQ e Smart ForTwo
Recentemente tive a oportunidade de experimentar o novo Smart ForTwo (F2) e o novo Toyota iQ, os minicarros ou citadinos do momento. Vi os vários níveis de equipamento, experimentei as diversas funcionalidade de cada carro e fiz um test-drive a ambos.
Estando habituado a carros de segmentos superiores e com mais performances tentei baixar bastante as minhas expectativas para poder ser surpreendido pelos seus pontos fortes como citadinos.
O Smart ForTwo em que me baseio é na versão Passion, a versão mais apetecivel em termos de equipamento (tirando os Brabus) e com caixa automática. O motor a gasolina tem 70cv de potência e 999cc, com sistema start-stop que erradamente é chamado de micro hybrid drive (mhd).
Ao contrário dos Smart anteriores este novo modelo é mais comprido e deixa de poder ser estacionado longitudalmente, perdendo um pouco o conceito Smart. Continua no entanto a ser um carro extremamente pequeno que permite ser estacionado naqueles locais mais apertados, onde outro citadino não caberia.
Por fora ficou com um design mais maduro e com algumas alterações estilisticas bastante interessantes.
Os interiores continuam muito espaçosos, lá dentro sentimo-nos à vontade e existe espaço suficiente para dois adultos de estatura alta. O tecto panoramico em vidro ajuda também a aumentar a sensação de espaço e torna o ambiente a bordo mais alegre.
Existem vários espaços de arrumação em locais inteligentes, infelizmente nem todos permitem ser tapados para evitar olhos alheios e o porta-luvas com chave é um extra e nem na versão Passion faz parte do equipamento de série. A consola central tem bom aspecto e é bastante simples de usar com um botão para cada função, embora alguns botões do ar condicionado e do desembaciador traseiro fiquem mais afastados das mãos do condutor.
O resto do interior é bastante simples e cinge-se ao essencial.
Para o test-drive testei a versão Pure apenas com caixa sequencial pois não estava disponível a versão Passion na versão a gasolina com mhd. Em termos de condução não surpreende mas também não desagrada, mesmo sem direcção assistida o carro manobra-se facilmente e a suspensão apesar de um pouco rija não se torna muito desconfortável em pisos mais degradados.
A caixa continua a ser lenta nas passagens no modo sequencial mas é agora mais suave que nos modelos anteriores. O sistema mhd funciona na perfeição, após atingir os 8km/h em desaceleração o motor desliga-se, voltando a ligar-se imediatamente assim que retiramos o pé do travão. No entanto, tal como noutros start-stop, em situações de trânsito intenso somos obrigados a desligar este sistema para evitar que o motor esteja constantemente a ligar e desligar numa marcha lenta.
Esta versão possui ainda o Hill Start que segura o carro durante 0.7 segundos dando tempo de tirar o pé do travão e carregar no acelerador.
No Toyota iQ baseio-me na versão base, embora no test-drive ao contrário do Smart, tenha testado a versão superior Q2 com o sistema de navegação e estofos em pele.
O exterior do carro é extremamente engraçado, tem um aspecto de cubo e o seu desenho dá a sensação do iQ ser um carro robusto e extremamente espaçoso. Frisos laterais como opção são um must have para a selva urbana, pois as portas do iQ são muito propicias às típicas mossas dos outros condutores que abrem as portas sem cuidado.
Todo o conceito e a engenharia por detrás do iQ fazem-no um carro bastante inteligente, pelo menos até chegarmos ao interior. É verdade que 3 adultos conseguem sentar-se confortavelmente, e se o condutor for de estatura média, um adulto de estatura média consegue sentar-se no quarto lugar de forma razoavelmente confortável em curtas distancias, o que para um carro deste tamanho é interessante, mas ficamos por aqui em inovação.
Não existem locais de arrumação cobertos que sejam úteis. O porta-luvas é uma bolsa que apenas permite levar o manual do carro (e esta bolsa não vem na versão base) e existe um pequeno espaço debaixo dos bancos traseiros que permite levar um saco vazio ou algumas revistas.
A bagageira não existe, só com os bancos rebatidos e aqui temos outro problema, existe uma chapeleira que tapa a parte superior da "bagageira", mas não existe nenhuma barreira fisica vertical. Numa travagem brusca é possível que os objectos venham parar ao pé da manete de velocidades, e com o carro parado os amigos do alheio conseguem ver o que está na bagageira. Para mim esta é a maior falha do carro.
O interior também é triste, com uma cor lilás (ameixa) e o tejadilho em branco e a consola central é demasiado compacta e confusa de utilizar.
Já na condução o iQ é igual a conduzir um carro normal, bem insonorizado para o segmento, um motor bastante vivo e com um arranque engraçado para a potência que tem, uns furos acima do Smart. A brecagem é interessante e permite fazer inversão de marcha apenas com uma manobra em espaços bastante apertados.
A suspensão é mole q.b. e torna-se muito confortável de conduzir, mesmo em piso empedrado. Em curva nota-se no entanto um ligeiro adornar da carroçaria, mas dúvido que quem compre um carro destes deseje participar em track-days no Estoril.
A caixa manual é também muito precisa e a manete tem um curso bastante curto, tornado-se muito cómoda para um uso diário em cidade. As ajudas ao ecodriving são também óptimas para ajudar qualquer condutor a reduzir os seus consumos.
Conclusão
O iQ tinha tudo para ser o iPod da Toyota e é uma óptima escolha sobre o Smart para alguém que não precise de espaço para bagagem e não se importe com o triste interior. A lista de equipamento é muito superior ao Smart e é um carro mais versátil e acima de tudo diferente. Em termos estécticos o iQ leva a melhor.
No entanto é no interior que se conduz, e embora o iQ me deixe com um sorriso na cara, assim que fecho a porta esse sorriso desaparece. Já no Smart o interior é alegre e cria uma sensação de bem estar ao seu condutor e passageiro. Juntando a isso vários espaços inteligentes para arrumação, o Smart acaba por sair na minha opinião, e com alguma pena minha, como o carro vencendor.
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