Uma fábula sobre a paralisação dos camionistas
Era uma vez uma abelha que produzia mel, trabalhava arduamente na sua colmeia para produzir um néctar delicioso e de alta qualidade. Apresentou o seu produto ao elefante que imediatamente fechou contrato com a abelha para comercializar mel. A abelha necessitava de transportar o mel para a loja do elefante e decidiu contratar um serviço de transporte de mercadorias.
Contactou o ouriço, o esquilo e a girafa para saber quais as condições e respectivos preços, e com condições semelhantes mas com um preço mais baixo, adjudicou o serviço ao esquilo. As abelhas das outras colmeias começaram também a contratar o mesmo tipo de serviço ao esquilo por ser barato. Apesar da subida do preço do combustível o esquilo foi renovando a sua frota e adoptou medidas internas para efectuar a recolha do mel de uma forma menos dispendiosa, aumentando os seus lucros sem cobrar mais às abelhas.
O ouriço e a girafa ficaram fulos, começaram a reclamar do serviço desleal do esquilo que os estava a arruinar, com a subida dos combustíveis o esquilo não aumentava os preços dos fretes e continuava a viver bem.
Decidiram fazer uma paralisação, pediram ao governo com um défice elevado e em dificuldades financeiras que crie um gasóleo profissional para que possam assim aumentar os seus lucros sem baixar o preço do frete aos seus clientes. Amigavelmente pediram a todos os outros animais que parassem a sua actividade em solidariedade com a sua causa, até que chegou o esquilo e disse que não percebia o motivo da greve porque ele tinha conseguido adaptar-se ao mercado e os seus clientes continuavam satisfeitos e ele estava a fazer dinheiro. Disse que não ia parar porque isso arruinava o seu negócio e decidiu continuar. Lá foi advertido que ninguém o obrigava a parar, mas se continuasse viagem para a loja do elefante poderia dar-se mal, é que estavam alguns rinocerontes mais à frente que lhe podiam atirar umas pedras e furar os pneus.
O esquilo queixou-se às autoridades e, como existia falta de mel na floresta, passou a ter escolta policial paga do seu bolso para entregar o mel na loja do elefante.
O governo apercebeu-se disto e disse que o ouriço e a girafa não tinham razão, se o esquilo ao pagar os mesmos impostos conseguia ser competitivo e ter lucro, o ouriço e a girafa também tinham que o ser e não podiam ser os impostos pagos pelos outros animais da floresta a manterem as suas empresas obsoletas no mercado. O ouriço e a girafa reclamaram mas o governo não cedeu, pois imediatamente o coelho e a formiga disseram que também eles deveriam ter direito a gasóleo profissional para se deslocarem para o trabalho, uma vez que das tocas e dos formigueiros não existe transporte público.
O ouriço copiou o modelo de negócio do esquilo e tornou-se competitivo, começando também ele a servir algumas colmeias e a levar mel para a loja do elefante. Entre eles baixaram os preços e a abelha reduziu o preço do mel, deixando os animais da floresta contentes.
Já a girafa, sempre com a cabeça nas nuvens continuou a afirmar que o problema da empresa dela era culpa do esquilo e do ouriço que por praticarem preços mais baixos pelo mesmo serviço não a deixavam ser competitiva. A girafa acabou por fechar as portas e abrir falência.
Moral da história: Existem girafas a mais em Portugal, quando o que nos faz falta são esquilos e ouriços.
Não sou escritor, apenas achei engraçado relatar a minha opinião sobre a paralização dos camionistas em forma de fábula, é que de outra maneira parece que ninguém percebe ou quer perceber que o problema aqui é outro.
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